terça-feira, dezembro 19, 2006

Novo local..

Estas paragens mudaram.. Agora está tudo em rcdesigner.net. Obrigado

quinta-feira, outubro 06, 2005

Memória Curta


Sim. Infelizmente este povo tem uma memória parecida aos peixes de aquário. A única grande diferença é que os peixes têm memória de 1 segundo (dois no máximo) e a grande generaliadade dos portugueses costumam ter um pouco mais. Digamos 6 meses. Já cansa ver e voltar a rever o óbvio: Modernidade e obras só a 6 meses das eleições! Coicidência?

domingo, outubro 02, 2005

Eleições


As eleições estão à porta. É já no próximo domingo (9 de Outubro) que metade os portugeses vão escolher quem os vai directamente governar nos próximos 4 anos. A outra metade, irá certamente às compras, ao cinema, à praia..

É curioso: segundo um estudo recente, cerca de 90% dos portugueses acham que as eleições são justas e sérias, mas mais de 50% não vota por achar que não vale a pena.. não deixa de ser intrigante..

Nas últimas eleições - onde fui membro de mesa - deparei-me com situações que nos podem fazer pensar. Um senhor, talvez com os seus 90 anos (anparado pela filha, suponho) demorou cerca de uns 20 minutos a conseguir fazer a cruz no devido sítio. Notava-se que para ele, o acto de votar era algo que não abdicava, mesmo na situação de doença frágil. Votar, presumi, era das poucas coisas que o fazia sair de casa. Ao olhar para os seus olhos cansados, pensei "como é possível haver pessoas que votar é mais um pretexto para NÃO sairem de casa?". Acho que já encontrei resposta: Aquilo que nos faz lutar, para além de nos dar prazer uma vez conquistado, faz-nos ver a vida e pequenas grandes coisas de maneira diferente. Durante mais de 40 anos, este pobre senhor não soube o que era eleições justas e democráticas.

Se depender dele, no próximo domingo lá o vou encontrar outra vez.

quarta-feira, setembro 21, 2005

JMJ Köln 2005– A comunhão dos jovens.


Já dizia a canção de Taizé "Cantai todos os povos, louvai nosso senhor..." E, acima de tudo, foi isso que sentimos no meio de tantos jovens em Colónia: A bandeira era importante; mas mais importante ainda era louvar Cristo.

Partimos para a Jornada como voluntários e integrámos uma das várias centenas de equipas que ajudou a organizar o encontro. Ao todo, cerca de 30.000 pessoas trabalharam diariamente (alguns desde as 4h da manhã) para possibilitar uma experiência inesquecível aos 800.000 jovens (e menos jovens) peregrinos.

O povo alemão – considerados “fechados” - entendeu o sinal dado pela Igreja Católica de que esta podia ser uma oportunidade excelente de abrir as portas a Cristo. E assim o fizeram. O acolhimento em Colónia foi bastante simpático. As pessoas mostraram-se atenciosos, preocupadas em receber da melhor forma que sabiam.

A experiência de participar numa Jornada é indescritível; ainda mais quando se tem a oportunidade de participar no encontro “do outro lado”, isto é, da perspectiva da organização. É difícil transcrever todas as emoções, alegrias, manifestações de amizade, fé, comunhão e partilha que vivemos com jovens de todo o mundo durante os 12 dias passados na cidade dos Magos.

E se já é difícil transmitir todas estas emoções, será muito mais difícil ainda falar sobre o que sentimos com a Presença do Papa.

O Papa não teve medo de apontar o caminho. Lembrou a sede de Deus do homem, as falsas respostas das religiões «faça você mesmo», apontou Cristo como meta. Simples e conciso.

A Missa foi especial. Ouviu-se Português. O Papa passou a 2 metros. Quase lhe pudemos tocar. É um homem como nós. Mas mais: Parece que todo o amor que Deus está nele concentrado. E ao simplesmente olhá-lo nos olhos somos preenchidos por esse amor, por uma alegria difícil de perceber de onde vem.

Foi uma experiência única de partilha e de comunhão com o próximo.
Em 2008… vamos a Sidney (Deus permita).

segunda-feira, junho 13, 2005

Morreu Eugénio de Andrade :(

ADEUS- Eugénio de Andrade

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
é pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

---
Perdemos um grande homem. Alguém em que as palavras eram as suas melhores amigas. Perdemos alguém que sabia tocar lá no fundo, usando frases muito simples, mas com muita sabedoria. Depois da perca de Sophia e de Eugénio, a poesia fica muito mais pobre..

terça-feira, junho 07, 2005

Lança-te

Lança a tua luva aos pés do Desespero, e verás que não aceita o desafio. Sê - conforme a seiva que tiveres - e vencerás. Levanta-te das pedras que te feriram e deixa que o teu sangue as envergonhe. Não troques nunca o teu sorriso pelas lágrimas, se o anelo do fácil te segredar: "Basta!"

Constrói-te com paciência até aos cumes, e não invejes a gente da planície. Não hesites nunca na Amizade pura, pois tu és o guardador de teu Irmão.

Ama - em Branco, em Grande e em Bom - e terás asas. Desprende-te de quem te retiver por prisioneiro, mas não recuses a mão ao afogado. Compromete-te para sempre com a Esperança, e ela te dirá que és um Menino.

Encara a vida de frente e com ternura. Entende, longe e quente, meretrizes, banqueiros, calafates e ministros..., e todos buscarão o teu segredo.

E se a quadriga moça do teu corpo freme - porque és Homem, porque és de barro, e porque és fraco - puxa as rédeas, meu valente, até à espuma, mas não te esqueças de que é pela Via-láctea que tu corres.



(Maria Lucília Bonacho)

segunda-feira, abril 11, 2005

Pote estragado

Havia na Índia um carregador de água que transportava - em ambas as pontas de uma vara que levava atravessada no pescoço - dois potes grandes de barro.
Um dos potes tinha uma racha e o outro era perfeito.
O pote perfeito chegava sempre cheio ao final do longo caminho que ia do poço até à casa do patrão.
Mas o pote rachado chegava apenas com metade da água.
E assim, durante dois anos, o carregador entregou diariamente um pote e meio de água em casa do seu senhor.
O pote perfeito, é claro, estava orgulhoso do seu trabalho.
O pote rachado, porém, estava envergonhado da sua imperfeição. Sentia-se miserável por apenas ser capaz de realizar metade da tarefa a que estava destinado.
Depois de perceber que, ao longo de dois anos, não tinha passado de uma amarga desilusão, o pote disse um dia ao homem, à beira do poço:
- Estou envergonhado e quero pedir-te desculpa. Durante estes dois anos só entreguei metade da minha carga, porque a minha racha faz com que a água se vá derramando ao longo do caminho. Por causa do meu defeito, tu fazes o teu trabalho e não ganhas todo o salário que os teus esforços mereciam.
O homem ficou triste com a tristeza do velho pote, e disse-lhe com compaixão:
- Quando voltarmos para casa do meu senhor, quero que repares nas flores que se encontram à beira do caminho.
De facto, à medida que iam subindo a montanha, o pote rachado reparou em que havia muitas flores selvagens à beira do caminho e ficou mais animado.
Mas no final do percurso, tendo-se vazado mais uma vez metade da água, o pote sentiu-se mal de novo e voltou a pedir desculpa ao homem pela sua falha.
Então, o homem disse ao pote:
- Reparaste em que, ao longo do caminho, só havia flores de teu lado? Reparaste também em que, quando vínhamos do poço, todos os dias, tu ias regando essas flores? Ao longo de dois anos, eu pude colher flores para ornamentar a mesa do meu senhor. Se tu não fosses assim como és, ele não poderia ter essa beleza para dar graça à sua casa.


(Autor desconhecido)